domingo, 16 de janeiro de 2011


Você já reparou o quanto as pessoas falam dos outros?
Falam de tudo.
Da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, ranzinzices, chatices, mesmices, grandezas, feitos, espantos.

Sobretudo falam do comportamento.

E falam porque supõem saber.

Mas não sabem.

Porque jamais foram capazes de sentir como o outro sente.

Se sentissem não falariam.

Só pode falar da dor de perder um filho, um pai que já perdeu, ou a mãe já ferida por tal amputação de vida.
Dou esse exemplo extremo porque ele ilustra melhor.
As pessoas falam da reação das outras e do comportamento
delas quase sempre sem jamais terem sentido o que elas sentiram.

Mas sentir o que o outro sente não significa sentir por ele.

Isso é masoquismo.

Significa perceber o que ele sente e ser suficientemente forte para ajudá-lo exatamente pela capacidade de não se contaminar com o que o machucou.

Se nos deixarmos contaminar (fecundar?) pelo sentimento que o outro está sentindo, como teremos forças para ajudá-lo?

Só quem já foi capaz de sentir os muitos sentimentos do mundo é capaz de saber algo sobre as outras pessoas e aceitá-las, com tolerância.
Sentir os muitos sentimentos do mundo não é ser uma caixa de sofrimentos.
Isso é ser infeliz.

Sentir os muitos sentimentos do mundo é abrir-se a qualquer forma de sentimento.
É analisá-los interiormente, deixar todos os sentimentos de que somos dotados fluir sem barreiras, sem medos, os maus, os bons, os pérfidos, os sórdidos, os baixos, os elevados, os mais puros, os melhores, os santos.

Só quem deixou fluir sem barreiras, medos e defesas todos os próprios sentimentos, pode sabê-los, de senti-los no próximo.

Espere florescer a árvore do próprio sentimento.

Vivendo, aceitando as podas da realidade e se possível fecundando.

A verdade é que só sabemos o que já sentimos.

Podemos intuir, perceber, atinar; podemos até, conhecer. Mas saber jamais.
Só se sabe aquilo que já se sentiu.


(Arthur da Távola)

12 comentários:

Terê. disse...

oi amiga da madrugada! que texto lindo e verdadeiro né. amei. bom domingo querida, para vc e familia, bjus tere.

Denise disse...

Sabedoria pura, Cida.
Lições difíceis, que cada aprendiz tem para conhecer - como este aprendizado se dá, só sabe quem o vive.
Quem sabe um dia aprendemos, também, a sermos mais tolerantes com as limitações e imperfeições da humanidade, começando por nós mesmos, não é?

Bjos, amigavó, é sempre muito b om passar por aqui!

Laura disse...

Olá, exactamente, só que a maioria julga-se sabedora e sabe de tudo, não! só pode saber o que é perder um filho, uma mãe que o perdeu, um marido que perdeu a esposa e por aí fora! Podemos dizer que; imaginamos, mas nunca que sabemos o que é se não o sabemos. nesses momentos é preciso muito tacto para o que se vai dizer, é que as pessoas magoam tanto e nem se apercebem...já o fizeram comigo!

Tenho uma querida Amiga que perdeu o filho mais novo há pouco. Minha alma dói por ela quando a imagino a pensar nele, a acordar e voltar ao mundo e saber que ele já não está lá...Meu Deus, que Deus tenha compaixão de todas as mães que perderam seus filhos... deve ser a maior dor de alma que existe no mundo!

Um beijinho da laura

AC disse...

Palavras sábias, sem dúvida!
O ser humano ainda tem tanto para percorrer...!

Beijo :)

Bergilde disse...

Cida,é muito fácil julgar e dar opinião sem pensar,mas parar um pouco e tentar se colocar no outro é o que diferencia o homem sensato do que vive na ilusão de saber tudo.
Gosto muito das mensagens e reflexões deixadas aqui,meu abraço e desejos de boa semana pra você!

Paloma disse...

CIDA, sempre tive a maior admiração
por Arthur da Távola, recortando e
guardando crônicas que ele escrevia
no Jornal. Era um homem de uma sen-
sibilidade incrível.
Realmente, muito se fala, mas cada
um sabe de seus sentimentos.

Beijos

AvoGi disse...

adorei a ultima frase e é bem verdade só se sabe aquilo que já se sentiu.
e nós que julgamos ser conhecedor de tudo afinal ainda h´muito para saber
kis :=)

Beth disse...

ai ai ai,a gabi tem cada dia uma surpresa,e p gente,pai de primeira viagem é td maravilhoso hehehehe ... :)

Beth disse...

ai ai ai,a gabi tem cada dia uma surpresa,e p gente,pai de primeira viagem é td maravilhoso hehehehe ... :)

Shirley Brunelli disse...

Amiga seu cantinho é de bom gosto e qualidade, meu parabéns. Irei acompanhar com muito prazer. Shirley.

Jorge Pimenta disse...

"só se sabe aquilo que já se sentiu".
verdade, amiga cid@. às vezes, até disso duvido, hehe!
beijinho!

Beth Blue disse...

Texto maravilhoso e tão verdadeiro...acabei de achar seu blog através do blog da Gisley (EUA) e já gostei do pouco que li.

Vou ler mais um pouco e volto com mais calma!