Eu sou um coração sofrido
Sou vela sem rumo, num mar de mistério
Sou dia de tormenta que a tudo fustiga
Sou sol radioso que só sabe aquecer
Sou o amor, sou o ódio, desilusões e esperanças...
Contradições...
Sou toda contraditória, não me explico
Não me explicam...
Sou chuva caindo fina, por sobre telhados
Sou fogo crepitando na lareira
Sou alegria
Sou sofrimento
Mas nunca indiferença...
Sou dentro de mim, sou fora de mim, sou o mundo todo...
Sou a onda que vem tímida chegando,
mas que volta correndo para o seu mar...
Sou borboleta, sou pássaro, sou luz.
Encantamento, liberdade, momentos.
Mas também sei ser treva, vazio, abandono...
Sou uma casa: pequena por fora e imensa por dentro.
Tenho segredos, recantos secretos, que a ninguém mostro
e nem mostrarei...
Sou criança e sou mulher.
Sou lágrimas contidas, sorrisos contidos, ternuras contidas.
Sou o fogo que queima e a água que refresca.
Sou aquela que sofre, mas afasta o sofrer
e principalmente, sou forte!
Sou folha que cai, antes de chegado o outono
e sou semente que germina sem ser semeada.
Sou lamentos, soluços, lembranças, tristezas...
Mas ao mesmo tempo sou momentos felizes.
Sou o raio que cai, escolhendo o lugar,
sem ferir, sem matar...
Consigo passar e não deixar marcas dos meus passos
Consigo chegar e não me fazer presente...
Sou perfume antigo, fragrância evaporada
Sou nuvem, sou céu, sou espaço...
Sou o rio que passa tranquilo
e sou o mar bravio.
Sou natureza
sou natural
sou eu.
Sou um livro aberto, mas ao mesmo tempo
cheio de imprevistos.
Desafio os riscos, enfrento-os e me sinto mais completa.
Sou a calma mas também sou a aflição.
Sou um ser que pensa, que transmite, que absorve.
Sou alguém que sofre sem querer sofrer.
Sou alguém que espera sem ter o que esperar.
Sou buscas, sorrisos, nesgas de sol e momentos sombrios.
Eu consigo ser assim
Ser TUDO e não ser NADA...
4 comentários:
Adorei apoesia, se blog tambem. muito lindo e gostaria de segui-lo
querida amiga, o teu texto constrói-se a partir de uma estrutura ambivalente que está tão próxima do coração quanto da boca. é intuitivo, sensorial, sensitivo e fortemente assente em imagens belíssimas que reforçam toda a sua tese: a dualidade do ser.
li-o e reli-o e quase me senti um barco navegando em vagas que ora me projectavam para a crista, ora me arremessavam contra os baixios do ser. belíssimo! parabéns!
um beijinho, (apare)cida!
O domingo já foi, deixando em seu lugar esta sensação de reencontro, num tempo em que já vivi. Quase um voltar à casa onde nasci...
Já escrevi muita coisa Cida, algumas tão semelhantes na essência que poderiam parecer réplica. Muito triste, mas a contradição, a dualidade, o avesso de uma condição - só aparecem numa discussão interna, esse diálogo sofrido que, em algum momento da vida, travamos com nosso Eu. Do título ao final, uma beleza.
Emocionou-me. Li e reli, sentindo o formigamento do tempo que pareceu estagnar em um lugar distante...maravilhoso!!!!!!!!!!!!
Bjo, com afeto e admiração!
Você é tudo o que uma pessoa pode aspirar, uma alma linda com seu lugar no mundo e naquele ano que escreveu, se encontrava em contradição com a vida, assim somos todos, naquela época teria eu também os mesmos sonhos, o vazio que parece não nos trazer nada de novo, o receio de não ser feliz, enfim, eram outros tempos e outros sonhos.
Menina Poeta de sensibilidade à flor da pele. Parabéns pela beleza, que bom que temos blogues para amanhã ler e reler e lembrar o que escrevíamos e o porquê...
Beijinhos da fitinha..
laura
Muito linda, linda mesmo...
Postar um comentário